Max Titanium começou com investimento de R$ 100 mil em mercado pouco conhecido há 10 anos e, agora, adquiriu concorrente, se tornando líder do segmento no País, ao empregar 400 pessoas e faturar R$ 250 milhões ao ano
Imagine uma conversa típica de salão de beleza. É possível que você tenha pensando em algum artigo da revista de fofoca, um tema quente da política nacional, sobre algum time de futebol e, provavelmente, mudanças climáticas dos últimos dias. Em geral, não passa desse tipo de papo: algo banal, trivial, criado para fazer o tempo passar enquanto o cabelo tinge, o esmalte seca ou a barba é feita. Mas não para Mariane Morelli, que teve a ideia para abrir sua própria empresa nesse ambiente.
Da conversa entre a mãe e uma cliente que esperava pelo corte de cabelo, o tópico " suplementos alimentares" surgiu, e Mariane se interessou pelo mercado que, na época, era inóspito. "Em 2006, o segmento – de proteínas e outros produtos fitness – era praticamente desconhecido pelo público geral e usado somente por aficionados em esportes de alta performance e academia", conta ela, que, apesar disso, não desanimou. Pelo contrário.
Convencida de que a aposta de levar suplementos para um público mais amplo daria certo, Mariane decidiu compartilhar a ideia com dois amigos, os irmãos Alberto e Carlos Moretto. "Eles aceitaram muito bem a ideia e logo começamos a pesquisar o mercado e entender o que era, os desafios, o público," relata a empresária que, na época, era apenas uma estudante de Direito de 19 anos.
A empolgação, porém, não bastava. Era preciso fazer o investimento e é aí que a história ganha uma dose de dor e sacrifício. Mariane tinha perdido o pai há quatro anos. Uma perda sofrida que lhe rendeu uma quantia em dinheiro referente ao seguro de vida que ela não queria deixar parado: "Meu sonho era fazer o dinheiro girar, nunca pensei em fazer isso por meio de bens como imóveis, meu pensamento sempre foi abrir um negócio".
Além do dinheiro, o pai também foi responsável por deixar de herança o espírito empreendedor que foi fundamental no começo do novo negócio. "Sempre tivemos influência dele, que tinha uma empresa de implemento agrícola. Também nos inspiramos na mãe dos meninos [os sócios], que tinha um bazar e uma terceirização de roupas que ia muito bem”, conta Morelli.
Mas só o dinheiro e a vontade de empreender também não eram suficientes e, novamente, o apoio da família foi importante quando Mariane resolveu vender o carro popular que tinha para pagar uma viagem de três meses para São Francisco, onde iria buscar o que faltava: conhecimento sobre o mercado de suplementos alimentares. Enquanto isso, a missão dos irmãos-sócios que ficavam no Brasil seria estudar tudo sobre gestão, finanças, indústria etc.
Já com todos ao redor completamente envolvidos, foi hora de unir a herança de Mariane com as economias de Alberto e Carlos até somar valor de R$ 100 mil, que serviu de capital inicial para comprar o maquinário e erguer o prédio da fábrica que seria a base de produção dos novos suplementos do recém-fundado Supley Laboratório .
Suplemento para crescer
De lá pra cá, a divisão societária em três partes – uma para cada sócio – não mudou. Mas, tudo ao redor está diferente.
O começo foi muito difícil, o mercado não tinha penetração, o preconceito era grande e só existiam informações sobre suplementos em outros países. Isso sem contar problemas como falta de capital de giro que obrigou os sócios a passarem os primeiro oito anos da empresa reinvestindo tudo que faturavam para que a empresa pudesse crescer.
A agora diretora comercial do laboratório, mais conhecido pela sua principal marca, a Max Titanium, chega a rir do nome do cargo que tem quando lembra que "entre 2006 e 2008 a gente fazia tudo dentro da empresa. Eu gostava bastante de vendas, o Alberto e o Carlos gostavam mais do processo produtivo, mas todo mundo fazia tudo. Nosso grande diferencial é que nunca tivemos medo de trabalhar duro, a gente coloca a mão na massa para valer", destaca Mariane.